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Aos Filipenses... À nossa vida

O que desejo e espero é não fracassar, mas, agora como sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo em meu corpo, tanto na vida, como na morte. Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.
(Fl 1,20-21)

Bíblia, sempre Bíblia. Esta continua a ser o livro mais vendido do mundo. Em quase todas as línguas temos traduzido o Santo Livro. Crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres têm acesso às Sagradas Escrituras. Encontramos a Bíblia aberta em tribunais, repartições públicas, câmaras legislativas e gabinetes do poder executivo.

Mesmo sendo o livro mais popular do mundo, a Bíblia Sagrada é o livro mais desprezado e traído no mundo. Muitos usam a Bíblia para encobrir os sinais de morte. Políticos citam a Palavra, mas suas vidas são um conjunto de ações sórdidas e mesquinhas. Igrejas usam a Bíblia para arrancar o dinheiro dos pobres iludindo-os com falsos milagres e toda sorte de ilusões. Sim, a Bíblia é traída pela ambição humana que tenta escravizá-la escondendo o seu conteúdo de libertação.

Mas a Bíblia não se deixa prender. Não há cadeias que consigam aprisionar a Palavra de Vida. Jesus é a Palavra que se fez carne (Jo 1,14). Nem a morte conseguiu aprisionar Jesus. Os discípulos e discípulas de Jesus são os portadores da Palavra de Vida. Cabe a eles anunciar o Evangelho e defender as verdadeiras interpretações da Escritura Sagrada.

Hoje os poderosos, cientistas, romancistas e intelectuais tentam aprisionar a Bíblia, arrancando a Bíblia das mãos dos pobres. Dizem que os simples não sabem ler a Bíblia e que só a ciência pode ler a Palavra. Os simples não têm ciência, têm arte.

Eu gosto muito da Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses. Bem, este escrito sagrado é uma carta. Não é uma carta como no nosso tempo... Ao abrirmos a caixa de correios nos deparamos com um monte de envelopes impressos: propagandas, anúncios, vendas, encomendas, etc. Não lemos tudo. Quase tudo vai para o lixo. Não vemos a “cara” do carteiro, não sabemos seu nome. Cartas são digitadas, bonitinhas, impessoais, vazias. Cartas não nos tocam o coração. Agora com o tal do “emeio”, “tuíter”, “orqute”, as cartas são coisa do passado...

No passado a carta representava a única forma de comunicação à longa distância. Esperávamos o carteiro no portão, pois sabíamos que ele traria a mensagem de uma pessoa amada. Quando o carteiro chegava tomava um café conosco, era um amigo que trazia o amor, a Boa-Nova.

Para entendermos a Carta aos Filipenses é preciso conhecer duas coisas muito importantes: quem é essa comunidade e a ligação que ela tem com o apóstolo Paulo. Essa comunidade está localizada em uma importante cidade européia. Filipos, que é a primeira cidade ocidental a receber a mensagem cristã. Isso ocorre no ano 50 d.C., durante a segunda viagem missionária do apóstolo.

Vinte séculos atrás, antes das etiquetas de computador, dos códigos de barra, das impressoras laser, da mala direta, e máquinas copiadoras e faxes, os povos já enviavam cartas escritas “a mão”, uns aos outros. Eram delegadas a amigos ou por correios especiais. Estas cartas traziam cumprimentos, instruções, incentivos, ordens, decretos, editais, e palavras pessoais. Com nenhuma inundação do correio postal de lixo para competir com sua atenção. Essas cartas sempre foram recebidas com alegria e compartilhadas com os outros. Assim foi com a carta aos Filipenses...

Em Filipos, Paulo é acolhido nessa primeira visita por Lídia, uma rica comerciante de púrpura. Paulo tem uma ligação muito íntima com essa comunidade, tanto que é somente de Filipos que aceita ajuda financeira e material. A comunidade de Filipos é uma comunidade de profunda vivência do Evangelho e esta carta, escrita da prisão em Éfeso, entre os anos de 55-57, tem por objetivo agradecer o auxílio enviado pela comunidade, por meio de Epafrodito; anunciar a visita de Timóteo à comunidade; advertir sobre a divisão causada pela competição e o egoísmo de alguns; prevenir contra os pregadores de origem judaica que põem a salvação na observância da Lei e na circuncisão; e lembrar à comunidade que vivenciar a evangelho e o projeto de Deus passa pela cruz de Cristo.

Paulo, nesta carta, assume mais o papel de um amigo querido que o de um pregador teológico. Porém, o apóstolo não deixa de ser vigoroso ao mostrar que a salvação vem apenas por meio de Jesus que, feito homem, morreu na cruz e recebeu do Pai o poder de dar aos homens e mulheres a salvação. Paulo exorta a todos a viverem a caridade, que é uma característica marcante da comunidade, e que se mantenham firmes no verdadeiro Evangelho.

Esta Carta é com certeza o mais belo escrito de São Paulo. Leia e seja transformado pelo amor de Cristo.

Oração: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, fazei-me um discípulo fiel com foi o apóstolo São Paulo. Que eu saiba comunicar o vosso Evangelho com a minha própria vida e aprender que sois Vós o meu viver. Assim seja!

                       

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