Minha Primeira Bíblia (1990) |
Confesso que eu pouco me ocupo com as críticas ideológicas que tal padre lançou sobre esta tradução da Palavra de Deus e me preocupo muito com a opinião daqueles que sinceramente usam essa tradução no dia-a-dia. Catequistas, agentes de pastoral, sacerdotes, religiosas e religiosos, crianças, jovens, adultos, idosos, entre muitos outros, descobriram o delicioso sabor da Palavra de Deus, que mais parece como "mel" em minha boca (Sl 119,103), lendo, estudando, rezando, meditando sobre o Verbo feito carne (Jo 1,14) por meio dessa tradução que reaproximou o povo simples da intimidade com Deus através da simplicidade de suas palavras.
No ano de 1990, aos 16 anos, quando recebi meu primeiro salário de verdade, resolvi comprar primeiramente uma Bíblia. Saí de casa num sábado, peguei o ônibus (Ouro Verde) para Campinas, desci a Treze de Maio, cheguei na Barão de Jaguara e entrei na livraria Paulus. Comecei a folhear as bíblias para decidir qual comprar. Lembro-me que buscava uma Bíblia católica. Vi algumas traduções: Ave Maria, Bíblia Sagrada (vulgata), Pão Nosso, Jerusalém (essa era mais cara). Achei essas bíblias com linguagem difícil e antiquada, pois ainda era jovem. Vi que nas estantes tinha uma Bíblia que era lançamento. Uma tal de Bíblia Edição Pastoral, ou simplesmente, Bíblia Pastoral. Vi que era "aprovada" pela CNBB. Li as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12). Gostei, pois achei mais fácil, mais simples. O rodapé era claro, mas eu gostei mesmo foi do texto. No final ela trazia um "vocabulário", que depois seria retirado porque falavam que era "comunista". Comprei a Bíblia...
O Vocabulário Proibido |
Dias depois eu comecei a ler o Novo Testamento e o devorei em poucos dias. No Grupo de Jovens (PJ), o pessoal gostou da minha Bíblia e os outros jovens também compraram a Bíblia Pastoral. Tempos depois li o Antigo Testamento. Quanto mais eu lia essa Bíblia, mais eu me apaixonava por Jesus Cristo e pela Igreja. Com essa Bíblia aprendi a rezar. Aprendi a chamar Jesus de Mestre. Me reconheci como discípulo de Jesus Mestre. Foi com essa Bíblia que eu me senti chamado a ser padre da Igreja. Essa Bíblia me levou ao seminário e ao meio do povo. Essa Bíblia se tornou minha fonte de espiritualidade. E, essa Bíblia me provocou de tal forma que, a Palavra de Deus se tornou sentido de minha vida. Passei a me especializar nos Estudos Bíblicos (Exegese) com o objetivo de falar sobre Jesus e sua Palavra com a mesma simplicidade que encontrei na Bíblia Pastoral.
Como estudioso da Bíblia, percebo que nossas traduções bíblicas em língua portuguesa são boas. Todas as traduções têm suas limitações (traduttore, traditore) e a Bíblia Pastoral tem as suas. Mas, a equipe que traduziu a Bíblia Pastoral é fantástica: José Bortolini, Euclides Balancin, Ivo Storniolo, José Luiz Gonzaga Prado... Como biblista, eles são para mim verdadeiros heróis. Eles e sua obra têm o meu total respeito a admiração. O trabalho deles me apresentou o Mestre!!!
A Bíblia Pastoral é a minha tradução predileta e ela me fez apaixonar pelas outras traduções da Bíblia. Não consigo odiar nenhuma tradução da Bíblia, mas sou apaixonado por elas (Eu coleciono Bíblias). Tenho uma Bíblia da Tradição reformada que ganhei de presente de alguns amigos pastores protestantes. Leio e releio essa Bíblia e também sou apaixonado por ela. Leio como católico, leio como discípulo. É a Palavra de meu Mestre. "A Bíblia é a Palavra de Deus, semeada no meio do povo" (Frei Fabreti, ofm).
Por fim, minha Bíblia Pastoral está toda grifada, sublinhada, desfolhada de tanta leitura, oração e estudo e conversas com Jesus Mestre. Foi por esta Bíblia, que eu me consagrei ao estudo da Palavra de Deus e a ela devo o despertar de minha vocação. E assim eu decidi que, em vez de criticar as bíblias para destruí-las, irei lê-las para ouvir a voz de Jesus Mestre. Paz e bem a todos.
Pe. Demetrius Silva
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